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Uma parcela mínima de boleiros ainda 'quebra a noite'


Uma parcela mínima de boleiros ainda ‘quebra a noite’

A competitividade no futebol exige do atleta senso de profissionalismo para cumprimento de suas obrigações. Ou não aguenta o ritmo do futebol

“Você sabe que o sujeito tem mais a oferecer, mas falta-lhe ‘perna’ para colocar em prática aquilo que sabe fazer”

Categorias: Colunas

Por: ARIOVALDO IZAC – –, 15/03/2023

Jorge Mendonça brilhou no Guarani mesmo sendo boêmio. Foto: Arquivo – GFC – reprodução

Campinas, SP, 14 (AFI) – A competitividade no futebol exige do atleta senso de profissionalismo para cumprimento de suas obrigações, e a maioria é cônscia de seus deveres, principalmente em época onde a preparação física é de transcendental importância, com predominância sobre a técnica.

O atleta sabe que precisa estar nos ‘trinques’, ou nos conformes, como queiram.

Todavia, como toda regra tem exceção, não há como negar que uma parcela reduzida de jogadores ainda ‘quebra a noite’ em dias úteis, ou seja: noitada. Logo, o dia seguinte que se dane.

Ao assistir um jogo aqui e outro acolá, é provável que você depare com atletas que até pouco tempo esbanjaram fôlego, mas agora são flagrados a passos de tartaruga em campo.

Incômodo por alguma lesão?

Ora, se é esse o caso, então peça pra sair e pense no conjunto.

E se a degradação física do dito cujo vem de noite(s) mal dormida(s)?

Que tem boleiro ‘enrolão’ por aí, isso tem.

Você sabe que o sujeito tem mais a oferecer, mas falta-lhe ‘perna’ para colocar em prática aquilo que sabe fazer.

JORGE MENDONÇA

Na abordagem desse assunto, não há como dissociar o saudoso meia-atacante Jorge Mendonça deste contexto. O diferencial é que, há quatro décadas, o atleta, em geral, corria pouco mais da metade do que se corre hoje.

Jorge Mendonça gostava da noite, tomava a sua cervejinha e, por vezes, chegava ao Estádio Brinco de Ouro, aos sábados, sem condições de treinar.

Como o atleta era tido como ‘o cara’ do time, decidia jogos, habilmente o também saudoso treinador Zé Duarte estabeleceu um pacto com ele, num breve diálogo:

– Jorjão, faz de conta que você esteja fazendo tratamento médico em uma das macas da enfermaria do clube (Guarani), e descanse bastante. Amanhã (domingo), vamos precisar de você pra gente ganhar o nosso bicho.

Acordo feito, acordo cumprido, com todos recompensados.

Se Jorjão roncava na enfermaria do clube, na véspera de jogo – enquanto os seus companheiros treinavam -, no dia do jogo, enxuto, ele dava resposta em campo e a torcida saía feliz do estádio.

Isso há quatro décadas.

Convenhamos que boleiro seguir aquela rotina, na atualidade, é abominável.