Quem é o ex-ministro de Dilma que auxilia Augusto Melo e prevê guerra judicial no Corinthians
Por FI
São Paulo, SP, 26 (AFI) – O advogado José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff, foi contratado por um grupo de aliados de Augusto Melo que tentam suspender a votação do impeachment do presidente do Corinthians na Justiça de São Paulo. A reunião que pode definir o afastamento do dirigente está marcada para acontecer nesta segunda-feira. Isso se ela de fato acontecer, como alerta o renomado jurista.
“Existe a chance de obtermos uma liminar amanhã e a reunião ser suspensa. Assim como também há uma grande possibilidade de (o impeachment) se consumar e o presidente voltar no dia seguinte, por exemplo”, explica o advogado. “Ele tem mais um ano e meio de mandato. Neste período, muitas propostas podem ser decididas. Em princípio, prevejo uma guerra judicial prolongada.”
Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Cardozo também já foi deputado federal, advogado-geral da União e procurador do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
Responsável por defender Dilma no processo que levou ao impeachment da ex-presidente, Cardozo aparece como advogado de Marcos Ragazzi e José Trucilio Junior em ação movida pela dupla na 5ª Vara Cível do Tatuapé. Aliados de Augusto Melo, os dois sócios pedem a suspensão do processo de destituição do presidente corintiano, em caráter liminar, e solicitam a ata da reunião iniciada em janeiro com o nome de todos os conselheiros que votaram a admissibilidade do processo.
Augusto Melo foi indiciado por lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado pelo abuso de confiança, no caso Vai de Bet, investigado pela Polícia Civil. A defesa do presidente alega que o dirigente “não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso” e que seu papel foi encaminhar a proposta da antiga patrocinadora às áreas competentes do clube.
Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, é parte citada na ação movida pelos aliados de Augusto. Como o pedido tem caráter liminar, ou seja, de urgência, existe a possibilidade de a juíza Márcia Cardoso apreciar o pedido sem a necessidade de manifestação por parte dos advogados do conselheiro. O Estadão entrou em contato com o requerido, mas ele não respondeu à reportagem até o momento. A matéria será atualizada em caso de manifestação.
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Cardozo também auxiliou Ricardo Cury, advogado de Augusto Melo, na formulação de um documento com questões de ordem enviado a Romeu Tuma Jr. No documento, ao qual o Estadão teve acesso, é pedido que o Conselho Deliberativo do clube aprecie urgentemente determinados pleitos, como por exemplo o veto à participação na votação dos 80 conselheiros que protocolaram o pedido de impeachment, assim como associados inadimplentes e faltantes na assembleia de janeiro, e a possibilidade da realização de oitivas para a produção de provas.
“Há dois problemas nesse caso. O primeiro é a ausência da prova do motivo que está sendo alegado. Houve uma determinação do Conselho de Ética que dizia que tinha de aguardar o fim do inquérito. Esta, para mim, é a postura mais prudente. O fato de uma pessoa ser indiciada, em si , não quer dizer nada. Neste caso, sendo um relatório preliminar, de que não estamos convencidos de que há uma responsabilização do Augusto”, iniciou Cardozo.
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“O outro problema é o conjunto de ilegalidades, de nulidades que tem esse processo. Não condenar alguém sem defesa. ‘Ah teve defesa no Conselho de Ética’, mas a defesa tem de ser exercida diante de quem vai julgar, que são os conselheiros. Não basta dar 30 minutos para a pessoa falar”, afirma. “Eu não entendo o motivo deste açodamento. A impressão que eu tenho é de que só questões políticas estão em jogo.”
Desde janeiro, outros dois processos correm no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A defesa de Augusto Melo busca levar o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na última quarta-feira, o presidente corintiano esteve em Brasília para agenda institucional e se encontrou com José Cardozo. Na semana anterior, ele se encontrou na capital federal com os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino e Alexandre de Moraes para, segundo nota oficial do clube, falar “sobre benfeitorias para o futebol brasileiro”.
Augusto Melo se tornou alvo de impeachment no Corinthians em agosto do ano passado por causa de irregularidades no contrato com a Vai de Bet, antiga patrocinadora do clube. Ele responde a outros três pedidos de destituição por outros problemas na gestão, que teve as contas de 2024 reprovadas em meio a um aumento significativo no passivo do clube, de aproximadamente R$ 1,9 bilhão para R$ 2,5 bi, de acordo com as demonstrações financeiras.