Justiça nega liminar a Augusto Melo no caso VaideBet do Corinthians
Por FI
São Paulo, SP, 30 (AFI) – O presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, sofreu mais um revés fora das quatro linhas nesta terça-feira. A Justiça de São Paulo negou o pedido de liminar em habeas corpus feito pela defesa do dirigente, que buscava suspender a denúncia no caso VaideBet e interromper o processo.
A desembargadora Maria Cecília Leone, da 8ª Câmara de Direito Criminal, rejeitou o pedido, afirmando que a medida é excepcional e só cabe em situações de flagrante constrangimento ilegal, o que não ficou comprovado. O mérito do caso ainda será julgado no Tribunal de Justiça.
Os advogados de Augusto Melo alegam que a denúncia do Ministério Público tem como base provas supostamente ilícitas, especialmente Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) do COAF, que, segundo a defesa, foram produzidos sem autorização judicial. A mesma tentativa já havia sido barrada em instância anterior.
CASO VAIDEBET E O IMPACTO NO CORINTHIANS
A Justiça aceitou a denúncia, tornando réus Augusto Melo, ex-dirigentes do clube e o empresário Alex Cassundé. Eles respondem por associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto, em processo que cobra indenização de R$ 40 milhões ao Corinthians e pede o bloqueio de bens dos envolvidos.
O Ministério Público sustenta que o dinheiro do patrocínio máster da VaideBet teria percorrido um caminho tortuoso, passando por empresas de fachada e chegando a agências de gestão esportiva, dificultando o rastreamento dos valores e levantando suspeitas de lavagem de capitais.
A investigação apura o contrato de R$ 370 milhões firmado em janeiro de 2024 entre o clube e a casa de apostas, com intermediação da Rede Social Media Design, que recebeu R$ 1,4 milhão em duas parcelas. O repasse, sem aval do diretor financeiro à época, virou alvo de disputa interna e de inquérito policial.
DENÚNCIA, BLOQUEIO DE BENS E FUTURO DO CLUBE
Na sequência, descobriu-se que parte do valor foi parar em empresas consideradas fantasmas, como a Neoway Soluções Integradas, com sócia sem ligação com o caso. O dinheiro circulou por diversas contas até chegar à UJ Football, ligada a despesas de campanhas eleitorais no clube paulista.
O nome de Augusto Melo segue na berlinda, enquanto o impeachment ou a possível recondução ao cargo serão decididos pelos sócios do Corinthians em 9 de agosto. O caso ainda pode ter novos desdobramentos, já que o mérito do habeas corpus será analisado futuramente.
A rescisão do contrato entre Corinthians e VaideBet ocorreu depois que a casa de apostas usou uma cláusula anticorrupção, alegando danos à sua reputação causados pelas investigações. O rastreamento dos repasses revelou nomes de empresas e pessoas físicas envolvidas, incluindo a Victory Trading e a UJ Football, esta última mencionada em denúncia sobre lavagem de dinheiro.